quinta-feira, 29 de setembro de 2011

De... Paulo Nascimento

Mulher, te amo,
e nem sei bem porquê.
Me confundo quando te assanhas,
e então, falham sempre
meus artifícios e artimanhas
para mais te aprender.

Não será tua beleza,
nem tanto o teu jeito de ser
e ficar me olhando
co'os olhos oblíquos, parados,
quando estamos a sós,
perdidos pro mundo,
trêmulos e apaixonados.

Tua cabeça lúcida... não,
nem a suave incerteza que me passas,
e que traduz o nosso dia-a-dia.
Talvez, quem sabe, a cartesiana harmonia
dos mesmos olhos em mim fixos
ou de teus arroubos prolixos
quando discursas sobre as artes
e a vã filosofia.

Teu corpo... quem sabe?
É justo que também por ele te ame,
pois que nele sempre
me acabo exaurido;

porém, me atrai sobretudo
em ti tua inocência bruta
de menina moleque e a perigo;
teus ciúmes e a contida impaciência,
e até o cruel desdém que me impinges,
quando às vezes finges brigar comigo.

Me pergunto porquê te amo assim...
mas desisto. Enfim, desanimo,
e já nem mais sei o que definir.
Te amo apenas, tão urgente
e de um modo tal, que me
machuca e envenena,

mas que traz em si,
pequena, o antídoto
e a cura final.

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